Rio quer título de cidade ultraconectada nas Olimpíadas de 2016

domingo, 4 de outubro de 2009

Projeto diz que será possível usar web a qualquer hora, de qualquer lugar.
Iniciativa propõe ainda parceria com organização voltada à inclusão digital.

O Rio de Janeiro quer ser uma cidade completamente conectada, que ofereça internet sem fio gratuita e de alta velocidade, durante as Olimpíadas de 2016. De acordo com o projeto da candidatura, o objetivo é garantir que os internautas consigam navegar a qualquer hora, de qualquer lugar, quando estiverem na cidade. O nome da sede dos Jogos Olímpicos foi divulgado nesta sexta-feira (2): Rio derrotou Madri, Tóquio e Chicago.

Descrito no projeto, o conceito da cidade conectada é “proporcionar uma ótima experiência para os espectadores através de uma série de equipamentos de comunicação, além de fornecer conexão de alta velocidade para atletas e agências fotográficas”. Por se tratar de uma iniciativa que dependia da escolha da cidade como sede dos Jogos Olímpicos, não foram definidos os tipos de equipamentos oferecidos durante o evento ou a velocidade do acesso.

Foto: Divulgação Rio 2016

Ainda de acordo com o documento, o Rio de Janeiro deve expandir e modernizar sua infraestrutura de telecomunicações para garantir que todos os envolvidos no evento possam estar sempre conectados. Além disso, a cidade deve criar plataformas on-line chamadas de “live sites” para que internautas de todo o mundo troquem informações e experiências sobre os Jogos de 2016.

“Acho difícil prevermos agora o tipo de tecnologia para transmissão de dados e os equipamentos que serão utilizados daqui a sete anos. Mas considero fantástico o fato de as tecnologias serem disponibilizadas para a população, principalmente considerando que a internet proporciona uma grande mobilidade de conhecimento”.

Wi-Fi grátis

Segundo Cardoso, até 2010 toda a área urbana do Estado deverá estar coberta pela tecnologia de acesso gratuito e sem fio à internet (Wi-Fi), hoje já disponibilizada em Duque de Caxias, nas orlas de Copacabana, do Leme, de Ipanema e do Leblon, além do Morro Santa Marta e da Cidade de Deus. Em todos esses casos, o acesso é fornecido via antenas presas em postes.

“Não tenho dúvidas de que o conhecimento adquirido com esses projetos trará benefícios [para as Olimpíadas]”, continuou o secretário. “Até 2016 esse acesso gratuito estará disponível para todos, e o debate nos próximos anos passará então a ser o conteúdo oferecido via internet. A TV aberta é gratuita, mas o conteúdo faz com que alguns canais tenham mais audiência que outros”, comparou.

Velocidade

Hoje, em Duque de Caxias, a velocidade total oferecida gratuitamente via Wi-Fi para cerca de 1,5 milhão de pessoas é de 350 Mbps (Megabits por segundo): quanto mais usuários conectados, menor a velocidade disponível para cada um deles. A título de comparação, uma empresa que oferece acesso rápido à web afirma que, com 1 Mbps, é possível baixar um arquivo de música em um minuto e um arquivo de filme em cinco horas.

Eduardo Tude, presidente da consultoria de telecomunicações Teleco, afirma que a escolha do Rio como sede dos Jogos Olímpicos pode trazer melhorias para a cidade na área de telecomunicações. Sua ressalva, no entanto, fica justamente por conta da velocidade oferecida para o acesso à web. “O problema não é a cobertura, pois essa estrutura já estará disponível. Mas é importante conseguir uma velocidade satisfatória para navegar”, explicou.

Segundo o especialista, isso poderia ser feito com um investimento temporário, durante o período das Olimpíadas, com o objetivo de aumentar a capacidade de acesso. “É como se você tivesse em sua casa uma internet de 1 Mbps e, quando recebesse visitas por um mês, aumentasse essa capacidade para 5 Mbps. A velocidade sempre será influenciada pela quantidade de pessoas que acessam a rede”, disse Tude.


Críticas

Para Ruy Bottesi, presidente da Associação dos Engenheiros de Telecomunicações (AET), as propostas descritas no projeto de candidatura são muito triviais. “Não há novidades, falta apresentar o que o Rio pretende mostrar em 2016 em termos de inovação tecnológica. Do jeito que está, parece que pegamos a tecnologia de 2009 e levamos para um cenário existente daqui a sete anos”, afirmou o especialista ao G1.


Segundo ele, os órgãos brasileiros voltados à tecnologia deveriam aproveitar a oportunidade para mostrar que o Brasil tem competência quando se trata de inovação. “É preciso um plano tecnológico que impressione. Expansão de rede e Wi-Fi não satisfazem mais, seria necessário algo de maior envergadura”, defendeu Bottesi.


Ele deu exemplos, citando formas de pagamento e transferências financeiras via telefone celular. Ou videoconferências também realizadas por meio de aparelhos portáteis. “Temos que usar como exemplo países como a Coreia do Sul, a Austrália e o Japão, que impressionam quando falamos em novas tecnologias. Se não temos essa visão de futuro, temos de seguir o caminho dessas nações, pois isso incentivará a vinda de outros eventos de grande porte para o Brasil”, concluiu.

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